Sou psicopedagoga há mais de 15 anos e, como mãe de três filhos, tenho vivenciado na prática muitas das tendências educacionais que acompanhei ao longo da minha carreira. Nos últimos tempos, uma dessas novidades ganhou um espaço especial no nosso dia a dia: o ensino híbrido . E posso dizer, com toda a certeza, que ele veio para ficar.
Hoje quero compartilhar com vocês um pouco dessa experiência, especialmente porque uma das minhas filhas, a Laura (de 9 anos), está fazendo aulas de desenho online e tem se mostrado extremamente engajada e feliz com esse formato. Como profissional e mãe, enxergo nessa jornada uma combinação poderosa de aprendizado, criatividade e autonomia.
O Que é Ensino Híbrido e Por Que Ele Funciona?
Como psicopedagoga, sempre defendi a ideia de que cada criança tem um ritmo e estilo de aprendizagem únicos. O ensino híbrido, que combina atividades presenciais e online, permite exatamente isso: respeitar as individualidades dos alunos, oferecendo flexibilidade e personalização.
No caso da Laura, ela sempre teve um grande interesse por arte, mas nem sempre conseguia explorar essa paixão na escola tradicional. Foi então que decidimos matriculá-la em um curso de desenho online. A princípio, eu tinha algumas preocupações: será que ela conseguiria se adaptar? Será que manteria o foco sem a presença física do professor?
Mas logo percebi que minhas preocupações eram infundadas. As aulas online deram a ela algo que eu não esperava: liberdade criativa . Ela pode explorar técnicas diferentes, acessar materiais complementares e até revisitar as aulas gravadas quando sentia necessidade de praticar mais. Isso tudo sem abrir mão das interações sociais que ela tanto valoriza nas atividades presenciais, como os encontros com amigos para compartilhar seus desenhos.
Os Benefícios que Observo na Prática
Como mãe, vejo claramente os benefícios que o ensino híbrido trouxe para a Laura e, consequentemente, para nossa rotina familiar. Aqui estão alguns pontos que considero essenciais:
1. Autonomia e Responsabilidade
- Desde que começou as aulas online, notei que a Laura se tornou mais responsável. Ela organiza seu tempo para assistir às aulas, separa seus materiais e até me pede ajuda para configurar o ambiente antes das sessões. Essa autonomia é algo que vai muito além do desenho; é uma habilidade que ela levará para a vida.
2. Exploração Criativa
- O formato online permitiu que ela explorasse estilos e técnicas que talvez não tivesse acesso em uma aula presencial convencional. Além disso, ela pode pausar a aula para experimentar algo novo ou voltar atrás quando sente que precisa ajustar um detalhe. Isso a fez ganhar confiança em suas habilidades artísticas.
3. Equilíbrio entre Digital e Presencial
- Mesmo com as aulas online, a Laura continua participando de atividades presenciais, como oficinas de arte na escola e exposições locais. Esse equilíbrio entre os dois formatos tem sido fundamental para manter sua motivação e bem-estar emocional.
Desafios e Como Superá-los
Claro, nem tudo foi perfeito desde o início. No começo, enfrentamos alguns desafios, como garantir que ela tivesse um espaço adequado para as aulas e que a conexão de internet fosse estável. Além disso, precisei ajudá-la a gerenciar o tempo entre as atividades online e as tarefas escolares presenciais.
Mas, como psicopedagoga, sabia que o segredo estava em criar uma rotina consistente e dialogar com ela sobre suas responsabilidades. Hoje, ela já consegue administrar muito bem seu tempo, e eu só preciso supervisionar de longe.
Crianças Resistentes ao Ensino Hibrido
Há crianças que enfrentam dificuldades para se adaptar as atividades online. Essa resistência pode surgir por diversos motivos, e é importante entender suas causas para ajudá-las a superar esse desafio. Aqui estão alguns fatores que observei em meu trabalho com crianças resistentes:
1. Falta de Interação Física
- Algumas crianças sentem falta do contato direto com o professor ou terapeuta. Para elas, a presença física é essencial para criar vínculo e confiança.
- Em meus atendimentos online, já vi crianças que inicialmente se mostravam desinteressadas ou até frustradas porque sentiam que “não era a mesma coisa” que uma sessão presencial.
2. Dificuldade com Tecnologia
- Nem todas as crianças têm familiaridade com dispositivos digitais. Para aquelas que não estão acostumadas, o uso de plataformas online pode gerar ansiedade ou desconforto.
- Certa vez, atendi uma criança que ficava nervosa toda vez que precisava ajustar o microfone ou câmera. Ela se sentia sobrecarregada pela responsabilidade técnica.
3. Desatenção e Distrações
- O ambiente doméstico pode ser cheio de estímulos externos, como irmãos brincando, televisão ligada ou notificações no celular dos pais. Isso pode dificultar a concentração de crianças que já têm tendência à distração.
- Um dos meus pacientes, por exemplo, tinha dificuldade para acompanhar as atividades propostas porque estava constantemente olhando para outros elementos na tela ou no ambiente.
4. Necessidade de Rotina Estruturada
- Algumas crianças precisam de uma rotina bem definida para se sentirem seguras. A flexibilidade do formato online pode, paradoxalmente, deixá-las confusas ou ansiosas.
Como Apoiar Crianças Resistentes no Ensino Híbrido?
Se você percebe que seu filho está tendo dificuldades para se adaptar aos atendimentos online dentro do modelo híbrido, não se preocupe! Existem estratégias que podem ajudar a tornar essa transição mais suave:
1. Combine Online e Presencial
- Uma das grandes vantagens do ensino híbrido é justamente a possibilidade de equilibrar os dois formatos. Se seu filho está resistente aos atendimentos online, tente alternar entre atividades virtuais e presenciais para que ele se sinta mais confortável.
- Por exemplo, se ele faz aulas de música online, incentive-o a participar de encontros presenciais com amigos para praticar juntos.
2. Ofereça Suporte Técnico
- Ajude seu filho a se familiarizar com a plataforma antes do início das sessões. Mostre como funciona o áudio, a câmera e outros recursos básicos.
- Se possível, faça um teste prévio para garantir que tudo esteja funcionando corretamente.
3. Estabeleça uma Rotina
- Crianças se sentem mais seguras quando sabem o que esperar. Defina horários fixos para os atendimentos online e siga uma sequência consistente de atividades.
4. Incentive Pequenos Passos
- Para crianças muito resistentes, comece com sessões curtas e aumente gradualmente o tempo conforme elas forem ganhando confiança.
- Celebre cada progresso, por menor que seja, para reforçar a ideia de que elas estão no caminho certo.
Uma Mãe, Três Filhos, Muitas Lições
Cada um dos meus filhos tem interesses e necessidades diferentes. Enquanto a Laura se encantou com o desenho online, meu filho mais velho prefere atividades presenciais, como esportes, e meu caçula ainda está descobrindo suas paixões. O ensino híbrido nos permitiu atender a essas diferenças de forma mais eficiente, oferecendo a cada um deles o que precisam para crescer e se desenvolver.
Como mãe, fico aliviada por saber que eles têm acesso a recursos que podem moldar sua educação de acordo com suas individualidades. E como psicopedagoga, vejo no ensino híbrido uma oportunidade incrível para preparar nossas crianças para o futuro, onde a tecnologia e a criatividade caminham lado a lado.
Minha Mensagem para Outras Mães
Se você está considerando adotar o ensino híbrido para seus filhos, saiba que ele pode ser uma ferramenta poderosa para enriquecer a educação deles. Claro, é importante estar presente e oferecer suporte, especialmente no início. Mas também é fundamental dar espaço para que eles explorem, cometam erros e aprendam com suas próprias experiências.
A Laura me ensinou que, quando damos às crianças a oportunidade de aprender no seu próprio ritmo e de acordo com seus interesses, elas florescem de maneiras que nunca imaginamos. E, como mãe e psicopedagoga, não poderia estar mais orgulhosa.
Se você também tem uma história para compartilhar sobre o ensino híbrido, deixe nos comentários! Vamos trocar experiências e inspirar outras famílias a embarcarem nessa jornada transformadora.